quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Ao meu pai


O dia dos pais se aproxima e, apesar se saber que todo o dia é dia de pai e mãe, acho bonito que tenhamos um dia do ano para refletirmos a sua importância em nossas vidas. 
Tenho procurado a memória mais antiga de meu pai e encontrei algo lá pelos anos 85 ou 86, tinha 3 ou 4 anos. No domingo pela manhã a passagem pela cama dele era certa. Lá ficava de bobeira cochilando, brincando e escutando as histórias dele. Ou era a história de como ele fazia pra acabar com a minhas cólicas de bebezinha, ou era a da formiguinha, ou era a do " rato que roeu a roupa do rei de Roma..."
Embora o pai tenha sempre trabalhado muito no táxi, o pouco tempo que ficava com a gente era  aproveitado ao máximo. Como esquecer a sua paciência ao ensinar-me a andar de bicicleta? E os temas da escola que fazíamos contando feijões, canetas... Também plantávamos, na horta ao lado de casa, moranguinhos, cenouras e cortávamos a grama do pátio.
Foram inúmeras às vezes que participava das corridas do táxi. Até quando eram quatro passageiros, ele sempre dava um jeitinho de me levar porque eu queria mesmo era uma carona pra ir pra casa de carro. Impossível esquecer a brincadeira do passa anel com os colegas taxistas e os pastéis, coxinhas e balas das lancherias da rodoviária.
Sempre me achei muito importante por poder chegar nos lugares no táxi do meu pai porque muitas das minhas amiguinhas, os pais não tínham carro.
Pai sempre tem a imagem de " super herói " e o meu não era diferente. Admirava a sua coragem e força em apanhar os sapos gigantes que apareciam lá em casa e sumiam através de uma voadeira dada por uma pá de concha. E os pobres dos ratinhos mortos junto a lindos pedaços de queijo? Achava incrível a sua frieza em armar as ratueiras.
Me orgulho do meu pai ter vencido na vida e nos ensinado o valor das coisas, das pessoas e do trabalho. Seus maiores exemplos são a generosidade, a paciência e a humildade.
Confesso que por muitas vezes gostaria de que tivéssemos ido mais vezes tomar banho de mar,  fazer castelinhos de areia e andar de roda gigante.
A história do esforço e trabalho do seu Silvio deixou pequenas brechas no tempo, tivemos a nossa convivência e os momentos inesquecíveis ficarão guardados em sete chaves. Os momentos que ficaram com um gostinho de quero mais provam sua existência e é por isso que não tenho do que reclamar, pelo contrário, tenho TUDO a agradecer. Não tenho palavras para agradecer a este homem vindo de família do interior que, quando moleque, vendia flores e ovos na Praia Grande para ajudar a família. Homem que estudou o primário em meio a muitas diversidades e dificuldades. Homem que desde cedo teve que abrir mão dos estudos e que acabou se acomodando na rotina do trabalho. Não por isso, menos inteligente. Um homem sensato e generoso. Raramente vimos ele comprar alguma roupa, ou perfume, ou acessório, ou bobagem para si. Primeiro filhos, depois esposa e por útlimo trabalho... Ou seria o trabalho em primeiro? É agora me confundi. Guardo com carinho as lembranças das muitas vezes que dividíamos a barra de chocolate no sábado a noite, a espuminha da cerveja e o xis do hospital no domingo a noite.  Ah, quantas madrugadas que nem víamos ele chegar. Pai trabalhador ao extremo e teimoso por natureza. Teimosia tamanha que presenciamos muitas brigas, como por exemplo a da construção do apartamento, mas também alguns acertos na loteria.


Pai, continue sempre assim, do seu jeito, a sua maneira, com seus defeitos e suas qualidades, porque te conhecemos dessa forma, e se houver qualquer mudança, saberemos que algo não está no devido lugar. Um amoroso "uuuuupahh" bem forte e bem grande.

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