domingo, 31 de julho de 2011

O deserto de uma mãe orfã...


Depois de ter perdido minha filha pela HDC, espantei-me com a quantidade de mulheres que conheci por todos os cantos do país. Elas passaram pelo mesmo problema, pelas mesmas angústicas, algumas histórias com finais felizes e muitas de finais desastrosos, como a minha.
Quando essas coisas acontecem, nos pegam de surpresa e nos maltratam... Buscamos incansavelmente um alguém que tenha passado por algo parecido para que possamos compartilhar a dor, nova e inevitável. Pensamentos, suposições e incertezas tomam conta das mães que não se cansam de imaginar como poderia ter sido diferente e perguntam-se inúmeras vezes o porque de terem sido escolhidas a passar por enorme tristeza. Aprendemos pela pior das formas que Deus não é justo, pois enquanto muitas mulheres desejam com grande fervor tornarem-se mães, outras tantas abandonam, ou matam seus filhos.
Há quem prefira o silêncio para viver a sua dor, inimaginávelmente ignorando-a como forma de fugir da realidade. Entramos num deserto após a perda de um filho e por lá, oras pensamos em ficar, oras em sair. Há neste lugar um misto de desejos incontroláveis com suas peculiaridades. Enquanto recriamos a nossa maneira de enfrentá-lo, diversas vozes que não queremos escutar surgem de todas as direções. Somos obrigadas a aceitar discursos pré prontos repletos de boas intenções, afinal não há muito o que se fazer quando as pessoas se deparam com uma mãe orfã de filho.   
Entretanto, acredito que cabe a nós decidirmos com quem vamos compartilhar este deserto. Através do diálogo e da cumplicidade com o outro é que nos tornamos mais fortes e capazes de realizar travessias perigosas por dias de tempestades. A cada dia juntos nos fortalecemos e preparamos para os raios de sol, sim, dias claros e bonitos certamente virão, apesar de acompanhados da incerteza de quanto tempo permanecerão.

Obrigada a todas as mamães que compartilharam sua história, a todos os amigos e familiares e principalmente ao meu grande amor, Ricardo.

3 comentários:

  1. Taís, creio q não exista dor maior q a perda de um filho. E realmente não há palavras q possam confortar alguém q passa por uma perda dessas... Mas é como sempre digo, Deus só da o fardo para quem consegue carregar. Não sei se eu teria a força d vcs...
    Beijao e fica com Deus!

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  2. TAÍS EU COMO VC PERDI MEU FILHO PARA HDC, NOSSAS HISTÓRIAS SE CRUSAM COM MUITAS OUTRAS SEMELHANTES AS NOSSAS.POR MUITOS DIAS CHORANDO PERGUNTEI A DEUS O PORQUE COMIGO EU QUE TANTO QUERIA MESMO JÁ TENDO OUTROS FILHOS...MAS APRENDI MUITO, HOJE SEI QUE DEUS NÃO FOI INJUSTO COMIGO POR MAIS QUE EU SOFRA DIA APOS DIA SEI QUE TEM UM LUGAR PREPARADO PARA NÓS E NOSSOS FILHOS UM LUGAR QUE NÃO PODEMOS NEM IMAGINAR E SE DEUS NOS DEU ESE FARDO É QUE COMO DISSE NOSSA AMIGA DÉBIE SOMOS FORTES O SUFICIENTE PARA CARREGA-LO, POUCOS SÃO, OS QUE COMO NOS MESMO COM O PEITO DILACERADO SE LEVANTA E CONTINUA LUTANDO PELA VIDA A FRENTE BEIJOS E FIKE COM DEUS E QUANDO PRECISAR ESTOU POR AQUI!!!!

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  3. Lindo testo me emocionei, vc é uma guerreira.
    Bjs

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